O termo metaverso (metaverse, em inglês) surgiu em 1992 na obra de ficção científica “Snow Crash“, escrita por Neal Stephenson, onde humanos, na forma de avatares, interagiam entre si e outros agentes virtuais num universo tridimensional que usava como metáfora o mundo real.
Nesta mesma época, começaram a surgir primeiros jogos FPS (first person shooters), Wolfenstein 3D e Doom, onde os jogadores podiam se movimentar em um mundo tridimensional e interagir com outros jogadores e com o ambiente.
Nestes 30 anos que nos separam, houve um salto tecnológico muito grande, e com ele foi viabilizado o acesso a estes mundos virtuais através da internet e em larga escala, com possibilidade de milhares de usuários simultâneos. Placas gráficas de última geração já permitem ambiente fotorrealistas enquanto o desenvolvimento de óculos de realidade virtual viabilizam uma imersão realmente tridimensional, bem diferente daquela antes experimentada apenas através da projeção nas telas dos computadores.
Durante a convenção Facebook Connect de 2021, quando foi anunciada a mudança do nome da empresa Facebook para Meta, Mark Zuckerberg explicou o que será possível fazer no metaverso da seguinte forma:
“Você será capaz de fazer quase tudo que você possa imaginar — reunir-se com amigos e família, trabalhar, aprender, brincar, fazer compras, criar —, bem como experiências completamente novas que realmente não se encaixam na forma como pensamos sobre computadores ou telefones hoje.”
Já antevendo essa onda, Zuckerberg comprou por U$2 bilhões, ainda em 2014, a empresa Oculus VR fundada por John Carmack, coincidentemente o criador também dos primeiros jogos FPS já citados, e que se destacava cada vez mais no desenvolvimento de óculos de realidade virtual.
Os conceitos de metaverso e realidade virtual apesar de distintos, se complementam. Metaverso é um ambiente virtual para interação de pessoas que simula interações reais enquanto a realidade virtual é uma forma de interação com ambientes virtuais capazes de enganar nossos sentidos, mas que não se restringe apenas à metaversos.
É importante entender que não existe algo como “o metaverso” da forma como existe “a internet”. Cada metaverso existente se equipara a um site ou uma rede social. Não há, até o momento, integração entre eles e cada um é mantido pela empresa detentora de cada plataforma.
Tipos de Metaversos
Há dois tipos bem distintos de metaversos, os de mundo único e o de mundos individuais. O primeiro tipo é composto de uma única grande área para ser compartilhada entre todos os usuários. Tal compartilhamento gera escassez e, consequentemente, há uma corrida pelas maiores e melhores áreas entre os usuários. As empresas detentoras destas plataformas de metaverso aproveitam esse fato para venderem os “terrenos” de seus metaversos. Em alguns casos, como com a maior player nesse mercado, “Decentraland”, unidades de terrenos que representam áreas de apenas 16 m por 16 m custam a partir de U$11000, podendo chegar facilmente a valores dez vezez maiores, dependendo da localização. Uma particularidade ao se escolher comprar terrenos nesse tipo de metaverso é que você, indubitavelmente, terá vizinhos. E com eles podem vir os mesmos problemas dos vizinhos na vida real…
A segunda categoria de metaverso, de mundos individuais, opta por uma abordagem totalmente diferente. Nela, ao invés de um mundo único, há uma infinidade de mundos que podem ser criados por usuários desenvolvedores, de forma semelhante a como funcionam páginas ou grupos em redes sociais, havendo ferramentas de moderação para liberar ou não entrada de visitantes, expulsá-los, etc.
Nestas plataformas normalmente não há custo envolvido na criação do mundo, nem na manutenção dele. Os gigantes da tecnologia, como o Facebook (Meta), Microsoft, NVidia, etc., tem apostado nessa receita, visando atrair cada vez mais usuários com a oferta de ambientes gratuitos, assim como já fazem há anos com vários de seus produtos.